sexta-feira, 30 de junho de 2017

indiferente

pálidas as palavras
esfarelam-se diante
do nada

vazios a volitar
em incólumes
olhos assépticos

há tempos o verso
esqueceu-se das navalhas,
fugitivo da língua afiada

e esse nonsense
morno, insonso gosto
e cheiro de tanto faz

não faz-se
não foice
não coice

mata, corpo a corpo,
o que ainda é moço
o que ainda é sopro...

quinta-feira, 29 de junho de 2017

happy hour

num novo crepúsculo
as aves em seus ninhos
chocam um dia

quem sabe amanhã
outro cristo, outra maria
livrem-se, das cruzes...

quem sabe outra hora
um par de olhos no escuro
ganhe de bônus um nome

quem sabe em outra vida
essas almas que jazem em corpos
criem asas e voem...

quarta-feira, 28 de junho de 2017

fome

de onde
vem tantos
améns?

de que carne
são feitos esses
olhos?

de dor
em dor ao chão
dobram-se

e aos céus
os ossos
imploram....

quarta-feira, 14 de junho de 2017

espasmo

no corpo
de cristo

a palavra
a metáfora

a poesia
os ossos

a cruz
a estrada

o beijo
e o escarro...

segunda-feira, 12 de junho de 2017

12/06

tantas paixões
em um só dia
e essa segunda
gritando que a poesia
esfria em palavras,
e em mesas
vazias....

tantos afagos
em uma só data
e esse vai e vem
da rotina murmurando
que amores aquecem-se
em olhos que
enlaçam-se...

sexta-feira, 9 de junho de 2017

quinta-feira, 8 de junho de 2017

segunda-feira, 5 de junho de 2017

domingo, 4 de junho de 2017

indo...

reviram-se nas camas
domingos de mal humor

quem dera fosse segunda
quem dera a malfada rotina

qualquer coisa a cobrir de fumaça
o vazio das horas, a dor dos olhos

qualquer coisa que liberte
os ossos, as palavras, os pássaros

mas é domingo, ainda

sábado, 3 de junho de 2017

dossiê

piegas
esses versos
insones, insonsos
insistem
a ladrar fome
a pedir colo
a sujar vestes

como se
imberbes fossem
e nunca em fossas
em sarjetas
de muletas
de rugas e ossos
também, não vivessem...