quinta-feira, 5 de março de 2015

retalhos...


tão meu esse vácuo
que nele para outros seres
não há espaço

tão fundo meu céu
que nele abortam-se e morrem
dos sonhos, os olhos

tão oca minha morada
que nela costuro e colho
as blasfêmias do meu epitáfio

tão frio o meu inferno
que nele estendo meus dedos
e incinero-os ao gelo

tão solitário o meu grito
que nele, letras e palavras
comem e bebem, raizes

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