dos quereres
que apavoram-me
vejo andrajos
vejo as solas
ouço culpas
ouço dúvidas
mas não tenho
pra eles, palavras...
e fujo...
sábado, 12 de dezembro de 2015
segunda-feira, 7 de dezembro de 2015
ao meio...
já não sei
se dos meus voos
só enxergo
os joelhos
aqueles
que do chão
lambem
os beijos
ou
se cega
dos céus
toco espelhos
aqueles
que em cacos
cortam-me
as veias...
sexta-feira, 4 de dezembro de 2015
sombras
entre
o travesseiro
e os sonhos
noites
tão longas
e um "eu"
esgueirando-se
entre escombros...
o travesseiro
e os sonhos
noites
tão longas
e um "eu"
esgueirando-se
entre escombros...
domingo, 29 de novembro de 2015
thánatos...
ontem celebrei minha morte
não poupei meu corpo das dores
nem minha alma dos seus temores
não houve de minha parte
acordo ou ombros para lamurias
escarnio o meu, sem meias luas
era minha a morte, só minha
e dela e com ela não fiz acordos
fechei os olhos meus, sem remorsos...
e como não fosse dia ou noite
o sol entre as nuvens não pôs-se
não nasceu e fez-se foice
ah, quanta inocência
na carne a gemer por clemência
e eu tão dona de mim, a rir e rir...
a ir e ir...
quinta-feira, 26 de novembro de 2015
meadas
dos novelos
das novelas
novembro
e tanto lembro-me
dos seus, dos meus
tormentos
argumentos?
navegar e navegar
alinhavar um poema
nas têmporas do tempo...
das novelas
novembro
e tanto lembro-me
dos seus, dos meus
tormentos
argumentos?
navegar e navegar
alinhavar um poema
nas têmporas do tempo...
domingo, 22 de novembro de 2015
quinta-feira, 19 de novembro de 2015
ah...
meu mundo
de cabeça pra baixo
e meu eu entre aspas
garimpando palavras
para cortar
minhas asas...
de cabeça pra baixo
e meu eu entre aspas
garimpando palavras
para cortar
minhas asas...
quarta-feira, 18 de novembro de 2015
quem sabe...
não era para ser
nem um mero talvez
mas veio, mas fez-se...
e agora o que faço
com as horas sem face
com as tardes sem asas
não era para ser
nem um mero quem sabe
e eu sempre soube
agora o que faço
com o voo dos pássaros
e com tantas palavras...
nem um mero talvez
mas veio, mas fez-se...
e agora o que faço
com as horas sem face
com as tardes sem asas
não era para ser
nem um mero quem sabe
e eu sempre soube
agora o que faço
com o voo dos pássaros
e com tantas palavras...
sexta-feira, 13 de novembro de 2015
inverso
tudo tão indigesto
as vestes, os gestos
a pele
não tenho mais pratos
para aparar do meu vomito
as arestas
deixo para os versos
meus restos
quarta-feira, 11 de novembro de 2015
se...
não sei
se desdigo
o que eu disse
não sei
se quero
o que eu quis
não sei
se minha poesia
é ferida ou cicatriz...
se desdigo
o que eu disse
não sei
se quero
o que eu quis
não sei
se minha poesia
é ferida ou cicatriz...
terça-feira, 10 de novembro de 2015
colheita
não tenha pressa
de beijar minhas flores
mas se demorar
mais um pouco
fecho meus olhos
e arranco delas
a alma
as cores...
sexta-feira, 6 de novembro de 2015
casta
há dias
em que as palavras
são de mim, cascas,
em outros
exibem sem piedade
minha carcaça
e eu
calo-me...
em que as palavras
são de mim, cascas,
em outros
exibem sem piedade
minha carcaça
e eu
calo-me...
terça-feira, 3 de novembro de 2015
verbo
em princípio era sonho
hálito de um desejo mudo
encarcerado entre rascunhos
e não fosse ferro e fogo
ferindo minha pele e poros
não ouviria teus apelos
amassaria teu rosto
tuas palavras, teu gosto
deixaria teus olhos, de molho...
mas, teimoso
em minhas insônias
criou estrelas e raízes
e na contra-mão
de todos os meus nãos
roubou-me o silêncio
e faz-se poesia...
quarta-feira, 28 de outubro de 2015
retrato
dos vestidos
que jamais ousei
trago os trapos
do quem sabe
das sandálias
que não sonhei
trago os pés
presos em caixas...
tudo bem
não foi nada
nunca é...
que jamais ousei
trago os trapos
do quem sabe
das sandálias
que não sonhei
trago os pés
presos em caixas...
tudo bem
não foi nada
nunca é...
terça-feira, 27 de outubro de 2015
ah...
e esse
desassossego
teima e teima
em tecer teias
um querer construir
pontes de letras
entre minha saudade
e tuas veias...
desassossego
teima e teima
em tecer teias
um querer construir
pontes de letras
entre minha saudade
e tuas veias...
segunda-feira, 26 de outubro de 2015
inquieta
sem saber-se fases
exibe num só dia
todas as faces
da lua....
sem saber-se tato
sente nas meninas dos olhos
todos os sentidos
do grito
sem saber-se música
arranca dos silêncios
mil e um gemidos...
exibe num só dia
todas as faces
da lua....
sem saber-se tato
sente nas meninas dos olhos
todos os sentidos
do grito
sem saber-se música
arranca dos silêncios
mil e um gemidos...
domingo, 25 de outubro de 2015
sábado, 24 de outubro de 2015
quinta-feira, 22 de outubro de 2015
V
meu bem
nao engane-se
com a quinta
essa que traz
por debaixo das unhas
tantas quartas em cinzas
os ares
de boa moça
não lhe condizem
quarta-feira, 21 de outubro de 2015
achante...
e quando escrever
nada mais e nada menos
é ruminar antigas pílulas
e um escavar ruínas
um sabor
de suco gástrico
tão mal salivado e passado
no hálito das palavras
e essa ânsia
que os versos lavem e levem
entre os esgotos, o gosto,
dos desgostos
(covardia, a minha,
dar tal sina
à poesia... )
nada mais e nada menos
é ruminar antigas pílulas
e um escavar ruínas
um sabor
de suco gástrico
tão mal salivado e passado
no hálito das palavras
e essa ânsia
que os versos lavem e levem
entre os esgotos, o gosto,
dos desgostos
(covardia, a minha,
dar tal sina
à poesia... )
sábado, 17 de outubro de 2015
máculas
não é
de bom tom
de boa água
arrastar asas
corpos e olhos
pedem êxodos e voos
ainda que manchem
o chão...
quinta-feira, 15 de outubro de 2015
máscaras...
há metáforas
em minhas sentenças e fases,
necessito e chamo por elas
como minha sede tem fome
de água...
fossem apenas palavras
estaria eu a dizer o óbvio
ou a gritar meu literal destino
exibir meus medos e erros
sem usar de cascas...
fosse eu mais prosa
e mais rosa, menos espinho
menos poesia, mais concreta
e menos abstrata, estaria eu
mutilada, sem asas...
terça-feira, 13 de outubro de 2015
fetiche
amava
das palavras
aquele dorso
sempre pronto
às cavalgadas
o jeito maroto
corcoveando
desejando a doma
o gume e a goma
da ponta do lápis...
sábado, 10 de outubro de 2015
juras
dizem:
"na saúde
e na doença
na riqueza
e na pobreza
na alegria
e na tristeza"
e eu quero
nas palavras
e no silêncio....
"na saúde
e na doença
na riqueza
e na pobreza
na alegria
e na tristeza"
e eu quero
nas palavras
e no silêncio....
terça-feira, 6 de outubro de 2015
sábado, 3 de outubro de 2015
desejos
e a poesia
um tanto desmedida
escoa pelas torneiras
dos dedos
há quem queira
botar-lhe cabresto
há quem queira
dobrar-lhe os joelhos...
e ela, tão fêmea
só quer e precisa
dar vazão ao seu cio
num lençol de letras...
quinta-feira, 1 de outubro de 2015
ausências...
quando
a saudade
visita-me
ofereço-lhe
minha sede
e um carinho
ela em troca
dá-me olhos
de poesia
a saudade
visita-me
ofereço-lhe
minha sede
e um carinho
ela em troca
dá-me olhos
de poesia
terça-feira, 29 de setembro de 2015
domingo, 27 de setembro de 2015
namastê
não me lembro
de para você ter bordado
palavras nos lençóis
do tempo
mas
você veio...
trazendo sóis
e estrelas azuis
à minha sangria
aos meus poemas...
quarta-feira, 23 de setembro de 2015
um, dois, três, quatro...
tenho paredes
de estimação
obsessivas
colecionadoras
de nãos...
se delas
quero a fuga
por debaixo
das portas
jogo meus dados
hora ou outra
tenho sorte
o outro lado
minhas asas
devolve...
quinta-feira, 17 de setembro de 2015
reticentes...
pairam silêncios
na superfície
dos olhos
onde palavras
não morrem...
face abaixo
branco à fora
sem ponto final
sem espelhos, voltam
mudos, mútuos
e proliferam-se
mal a dentro e tanto
em versos, sangram...
na superfície
dos olhos
onde palavras
não morrem...
face abaixo
branco à fora
sem ponto final
sem espelhos, voltam
mudos, mútuos
e proliferam-se
mal a dentro e tanto
em versos, sangram...
terça-feira, 15 de setembro de 2015
tristuras
e se
me pede o presente
um passo a frente
o medo e seu espelho
lembram-me das sepulturas
em meu peito
ah, esses cadáveres
que insistem de mim
serem sol e lua...
e esses epitáfios
que zombam do tempo
e suas lonjuras...
domingo, 13 de setembro de 2015
insigne
pensava
ter os passos
os espaços
os pássaros
as palavras
e era
tão somente
dos ossos
do verbo
da carne
o verme
a larva...
ter os passos
os espaços
os pássaros
as palavras
e era
tão somente
dos ossos
do verbo
da carne
o verme
a larva...
sábado, 12 de setembro de 2015
terça-feira, 1 de setembro de 2015
na pele
e esses versos
saltitantes entre o branco
e os pássaros
piam e piam
querendo do ninho sair
querendo ter asas...
e são só
e apenas
palavras...
segunda-feira, 31 de agosto de 2015
em tempo...
gosto das segundas
de ares nonsense, blasé
de cara amassada
e ressaca
mas pronta
de vassoura nas mãos
de salto alto e batom
ou jeans surrado
deixando a primeira
no ontem e no chão
afinal, quase sempre
era ilusão...
de ares nonsense, blasé
de cara amassada
e ressaca
mas pronta
de vassoura nas mãos
de salto alto e batom
ou jeans surrado
deixando a primeira
no ontem e no chão
afinal, quase sempre
era ilusão...
domingo, 30 de agosto de 2015
terça-feira, 25 de agosto de 2015
vultos
ah, esses
tapas na cara
sem dia
sem noites
marcados
vêm
no sopro
do agora
como fuligens
de agosto
e macabro
é o gosto nos olhos
sem saberem-se cinzas
abrem e fecham
choram...
segunda-feira, 24 de agosto de 2015
alcunhas...
quantas vezes eu te disse
meu nome não é maria
não tenho vocação
para cercas e ladainhas
se queres bem saber
não sei quando me chamam
alguns um nada dizem
outros nem me alcançam
entre terços, flores e facas
sou um substantivo errante
ora sou pedra
ora sou mutante
meu nome não é maria
não tenho vocação
para cercas e ladainhas
se queres bem saber
não sei quando me chamam
alguns um nada dizem
outros nem me alcançam
entre terços, flores e facas
sou um substantivo errante
ora sou pedra
ora sou mutante
sábado, 22 de agosto de 2015
sexta-feira, 21 de agosto de 2015
o pão nosso...
dias sins
dias nãos
dias solas
dias mãos
dias cinzas
dias vãos
dias vísceras
dias coração
dias de vazios
dia de cão
( de rua )
quinta-feira, 20 de agosto de 2015
terça-feira, 18 de agosto de 2015
inércia...
tenho comigo
dores de um umbigo
que teima e teima
não ter nascido
qualquer passo
de balet ou em falso
rasga-me pele e carne
em volta de minhas fibras
em útero materno
tenho fome e gana
de devolver minhas
gastas raízes...
mas inerte
tal qual um marionete
e como um estéril verso
deixo para outros, meus fios
minhas rimas...
domingo, 16 de agosto de 2015
escusa
entre nuvens
espera ansiosamente
acender-se, a lua
e eu, entre luzes
escureço a sete chaves
meus absurdos...
mas com eles
não mais luto
e deles
não mais fujo
abuso...
espera ansiosamente
acender-se, a lua
e eu, entre luzes
escureço a sete chaves
meus absurdos...
mas com eles
não mais luto
e deles
não mais fujo
abuso...
quinta-feira, 13 de agosto de 2015
terça-feira, 11 de agosto de 2015
hein?
e se eu quiser
ir além, bem além
você vem?
se eu afiar
palavras ou criar
delas as larvas
se ao sol
lamber o gume
das metáforas
e ao relento
cultivar o hálito
das entrelinhas
se eu chafurdar
em brancas folhas
e tirar delas, o limo
e suicidar-me
entre vocábulos
e rimas...
você vem?
segunda-feira, 10 de agosto de 2015
desditas
nos lábios, o carmim,
dos tantos caminhos
e um gosto de bilis
no riso ainda vivo
um sempre sem asas
um nunca tão sádico
numa carcaça muda
e sem vestidos
precisa mais?
dos tantos caminhos
e um gosto de bilis
no riso ainda vivo
um sempre sem asas
um nunca tão sádico
numa carcaça muda
e sem vestidos
precisa mais?
cacos
quisera
ter nascido
em dia
de lua cheia
e vadia...
esquecer
a louça na pia
e a falta de
esmalte
nas unhas
mas
devo ter
minguado
um par de
fases
dos copos
e dos pratos
levo jeito
para lavar
os halos
e juntar
os pedaços...
sábado, 8 de agosto de 2015
urgências...
escrevo como se...
parte de mim em letras
escorresse
e se
me perguntam qual delas,
se olhos, mãos ou garganta
respondo
aquela que de mim
esconde-se...
parte de mim em letras
escorresse
e se
me perguntam qual delas,
se olhos, mãos ou garganta
respondo
aquela que de mim
esconde-se...
sexta-feira, 7 de agosto de 2015
que maldade...
cortaria
dos pulsos
os nó cegos
dos muros...
e com
o sangue
abriria as veias
do absurdo...
só
para ouvir
da poesia
os urros...
quarta-feira, 5 de agosto de 2015
Guerra e Paz
Há alguns anos li Guerra e Paz de Leon Tolstoi. Numa era onde não havia internete, celulares, tabletes e similares. A leitura para mim sempre foi algo prazeroso e não um antídoto para o tédio. Ler era a prioridade e não opção.
Com o decorrer dos anos, a rotina, os dias, os problemas, infelizmente o tempo dedicado à leitura foi diminuindo. Hoje tenho me policiado. Menos internete, menos tempo gasto com coisas ou pessoas que não me interessam me renderam horas e horas onde posso deitar e descansar meus olhos ao lado de autores como Leon Tolstoi e outros.
Por que hoje paro para escrever sobre Guerra e Paz? Por que hoje ao invés de dedicar parte do minha noite às poesias ou à leitura, coçam-me os dedos desejosos de discorrer sobre um mundo existente entre páginas e mais páginas? Pelo encantamento em que me encontro na releitura desse magnífico livro e pelas considerações que me obriguei a fazer sobre o tempo, os passatempos e a perda de tempo...
Quanto ao livro, a edição que possuo é dividida em quatro volumes. Talvez tenha sido esse um dos melhores presente que já me deram. Grata surpresa, já que veio o presente de um sobrinho.
De minha primeira leitura guardava lembranças da neve, das personagens, dos nomes, dos conflitos humanos em uma época que me parecia remota e hoje me parece mais remota ainda. E mesmo que trate o livro de um tema como a guerra, há nele algo de mágico. Talvez esteja no talento do mestre Tolstoi prender seus leitores através de fios invisíveis, ora manipulando a ingenuidade de suas personagens, ora escancarando seu lado vil em meio a um cenário que oscila entre os campos de guerra e casarões e salões de uma Russia em transformação.
Enquanto não findo sua releitura, pairo assim entre dois mundos. O de Tolstoi e o real. E isso me leva a pensar em Pedro, em Natasha, em Nicolau, em Sonia, André, em Napoleão, em Alexandre, em imperadores, em condes, em príncipes, em hussardos, cossacos... E o mundo virtual toma assim sua devida proporção. Escrever sim, ler sim na web, mas dentro do que eu me proponho e não do que me propõe a web.
Guerra por guerra, sou mais Leon Tolstoi, a guerra de egos que permeia as conexões e contatos do mundo virtual não me desperta interesse. Nessa não encontro o outro lado da moeda, o da Paz.
É isso.
Guerra por guerra, sou mais Leon Tolstoi, a guerra de egos que permeia as conexões e contatos do mundo virtual não me desperta interesse. Nessa não encontro o outro lado da moeda, o da Paz.
É isso.
terça-feira, 4 de agosto de 2015
inúteis
tantas palavras
perderam o prazo
de validade
e hoje, verdes
cheias de mofo
e de ranço
sem meu colo
e sem teus olhos
não mais sangram
domingo, 2 de agosto de 2015
sombras
há de arder
entre os dentes
a palavra
semente
tímida
de ser ouvida
instigar-se
entre os dedos
fingir-se
um verso
um espectro
uma névoa
tocar-te
o arrepio, a pele
os nós
os pés
fazer-se
penumbra
penugem
nuvem...
envolver-te
sem que saibas
de onde vem
tuas vertigens
e amar-te
entre ais
em segredo
uma vez mais
entre os dentes
a palavra
semente
tímida
de ser ouvida
instigar-se
entre os dedos
fingir-se
um verso
um espectro
uma névoa
tocar-te
o arrepio, a pele
os nós
os pés
fazer-se
penumbra
penugem
nuvem...
envolver-te
sem que saibas
de onde vem
tuas vertigens
e amar-te
entre ais
em segredo
uma vez mais
sábado, 1 de agosto de 2015
quinta-feira, 30 de julho de 2015
devaneio
hoje seria bom
rever seu retrato
acolher seu abraço
mas tudo que ficou
foram as tais palavras
na garganta, asfixiadas
e uma cova
que não é rasa...
rever seu retrato
acolher seu abraço
mas tudo que ficou
foram as tais palavras
na garganta, asfixiadas
e uma cova
que não é rasa...
quarta-feira, 29 de julho de 2015
rasuras...
foram tantas
as rupturas
que de buraco
em buraco
fez-se lua...
pintou das feridas
as unhas
escovou dos cabelos
as ranhuras
exibiu-se, nua...
terça-feira, 28 de julho de 2015
!
Onde andará minha prosa? Nos ralos dos vocábulos, nas celas das letras, nos catres das metáforas? Oh, céus, como sou repetitiva, teimo e teimo e deito-me com poemas. Como sou previsível, em versos criei raízes.
Lembro-me de um tempo de sol, de um tempo de solos, de um tempo de rosas tão azuis. Ou seria esse tempo dos olhos teus que eram mais jazz que blues? Ou seriam os olhos meus mais devotos da tuas heresias do que os teus das minhas?
Ah, como fere o escuro que vêm sem avisos, como ferem as covas que vêm transbordando escarnio... E ainda assim ou assado, sou de mim a maior carrasca. Acho graça das minhas desgraças.
E digo e repito: Tudo passa, tudo pássaro, tudo asas... Palavra.
Verborragia... E cinicamente volto à poesia.
Lembro-me de um tempo de sol, de um tempo de solos, de um tempo de rosas tão azuis. Ou seria esse tempo dos olhos teus que eram mais jazz que blues? Ou seriam os olhos meus mais devotos da tuas heresias do que os teus das minhas?
Ah, como fere o escuro que vêm sem avisos, como ferem as covas que vêm transbordando escarnio... E ainda assim ou assado, sou de mim a maior carrasca. Acho graça das minhas desgraças.
E digo e repito: Tudo passa, tudo pássaro, tudo asas... Palavra.
Verborragia... E cinicamente volto à poesia.
fugaz
porque
se tudo é tão efêmero
ora choramos o espelho
ora rimos do vermelho
améns. aquéns, aléns
do lado de fora ou de dentro
unhas, cabelos, vento e borboletas
um tanto faz ou tanto fez...
e se nada faz sentido
nadamos contra a correnteza
ninando e beijando nossos medos
aqueles à espera de um remendo
ser pescador ou sereia
antídoto ou veneno
criança ou brinquedo
tudo é questão de tempo...
sexta-feira, 24 de julho de 2015
fragmentos
no espelho
dos meus óculos
tantas almas sem arestas
tantas mentes de joelhos
e a sensação de precisar
de novas lentes...
dos meus óculos
tantas almas sem arestas
tantas mentes de joelhos
e a sensação de precisar
de novas lentes...
quarta-feira, 22 de julho de 2015
sábado, 18 de julho de 2015
destino
mãos homicidas
de poesia em poesia
matam a fome e a sede
de palavras suicidas
levantam as saias
abusam das metáforas
e ainda riem dos tolos
crentes em disfarces
não há de ser pouco
o instinto dos dedos
à procura de lâminas
na ponta do lápis
não há de ser muito
o êxtase dos cortes
nas linhas das palmas
que drenam as almas
é sempre do bis
o açúcar e a bílis
no verso que repete-se
em busca da morte
e morre
mas volta...
cãs...
entre uma têmpora e outra
o tempo, o vento, o espanto...
o branco
não eram
meus cabelos castanhos?
o tempo, o vento, o espanto...
o branco
não eram
meus cabelos castanhos?
quinta-feira, 16 de julho de 2015
?
o que fazer
com tantas mãos
com tantas letras
se falta
à folha branca
o sêmen
se faltam
aos olhos
um berço?
quarta-feira, 15 de julho de 2015
terça-feira, 14 de julho de 2015
indiscreta
de leve
rocei do verso
a pele
e nem assim
ofereceu-me um leito
sem espelhos
serei eu
uma eterna voyeur
dos meus erros?
segunda-feira, 13 de julho de 2015
das heresias...
ah, como cansa-me
o nonsense dos santos
sejam machos
sejam fêmeas
sejam cobras
sejam cabras
é um querer de rezas
é um querer de preces
uma mesma face
da moeda alheia, desejam
e a servidão humana
festejam...
o nonsense dos santos
sejam machos
sejam fêmeas
sejam cobras
sejam cabras
é um querer de rezas
é um querer de preces
uma mesma face
da moeda alheia, desejam
e a servidão humana
festejam...
de lua...
ausente,
respondi ao tempo
já não me visito
dispo-me dos sempres
e com nuncas
mascaro meu presente...
domingo, 12 de julho de 2015
execrações...
penso
em cortar os cabelos
tão curtos, tão curtos
que não reconheça-me
o espelho...
necessário seria
fitar-me nos olhos
virar-me do avesso
retirar meus cabrestos
e dos nomes os pesos
pender um pouco mais
à deriva, de esgueira
sem as guelras dos anseios
sem as roupas de esteio
só trapos e veias
e ao fim, despida de mim
despedir-me dos filtros
dos litros de verniz
arrancar sem medo
minhas raízes...
em cortar os cabelos
tão curtos, tão curtos
que não reconheça-me
o espelho...
necessário seria
fitar-me nos olhos
virar-me do avesso
retirar meus cabrestos
e dos nomes os pesos
pender um pouco mais
à deriva, de esgueira
sem as guelras dos anseios
sem as roupas de esteio
só trapos e veias
e ao fim, despida de mim
despedir-me dos filtros
dos litros de verniz
arrancar sem medo
minhas raízes...
sábado, 11 de julho de 2015
taras
tenho desejos insanos,
cortar silêncios ao meio
e esquartejar frases
presas na garganta
só
pra
ver
se
sangram...
sexta-feira, 10 de julho de 2015
dolo
tenho passos de sobra
e pés de tão gastas solas
que dos ossos, são apenas
sombras...
se há convites incertos
em caminhos apenas de olhos
há entre a alma e a carne
o desejo de asas abertas
e se não vou
e se não toco o solo
com o corpo que devora-me,
com as palavras voo
e sou pó
e sou sol
e sou lua
e sou dor
e sou flor
e sou nuvem
e outra vez voo
e sou da folha em branco
o sopro...
e pés de tão gastas solas
que dos ossos, são apenas
sombras...
se há convites incertos
em caminhos apenas de olhos
há entre a alma e a carne
o desejo de asas abertas
e se não vou
e se não toco o solo
com o corpo que devora-me,
com as palavras voo
e sou pó
e sou sol
e sou lua
e sou dor
e sou flor
e sou nuvem
e outra vez voo
e sou da folha em branco
o sopro...
segunda-feira, 18 de maio de 2015
abandono
acordou tão cedo o sol
e ela, a carne, esqueceu-se
estendida nos lençóis
pra que descer do sono
se nada há debaixo
da cama
nem bicho papão
nem dedos, nem anéis
nem papai noel
só um tapete
de esperas, sem flores,
e sem janelas...
domingo, 17 de maio de 2015
utopias
e, se é domingo
sinto nos ombros e nas palavras
o velho peso das cinzas
ah, esses olhos idos
que fitam-me e acusam-me
da morte do amanhã
ah, essa culpa
de não ter feito buscas
entre a dúvida e as maçãs...
sinto nos ombros e nas palavras
o velho peso das cinzas
ah, esses olhos idos
que fitam-me e acusam-me
da morte do amanhã
ah, essa culpa
de não ter feito buscas
entre a dúvida e as maçãs...
quarta-feira, 13 de maio de 2015
e ponto
terça-feira, 12 de maio de 2015
sei...
quanto mais leio
mais medo tenho
medo do que não sei
medo do que acho que sei
medo de nunca
vir a saber
e pensar
que sei...
mais medo tenho
medo do que não sei
medo do que acho que sei
medo de nunca
vir a saber
e pensar
que sei...
sábado, 9 de maio de 2015
instinto...
se minhas mãos
não servem para o plantio
para a colheita maldita ou santa
do arroz ou do cipreste
não tem a lida da enxada
mordendo e procriando a terra
essa mulher, ora séria, ora prostituta
mãe, desejo e morte de tantos
que sejam úteis
ainda que tenham dúvidas
que sejam limpas
ainda que estejam sujas
se forem de poesia
ah, deuses, que iguaria
não desejo muito
só uns versos filhos
mas, se forem matriarcas
de famílias de gente ou de bicho
que sejam mais alma
do que dna e carne...
aconchego
uma faca
um espinho, um caco
de vidro... um grito...
e aquela dor
tão bem aninhada
na carne ainda viva
feito criança na barriga
um espinho, um caco
de vidro... um grito...
e aquela dor
tão bem aninhada
na carne ainda viva
feito criança na barriga
terça-feira, 5 de maio de 2015
sábado, 2 de maio de 2015
feto
o verbo
faz-se servo
entre o ventre
e o verso
e em silêncio
no útero das palavras
a poesia ganha
asas
terça-feira, 28 de abril de 2015
fake
tão fácil
a palavra
ser farta
tão fácil
a palavra
ser farpa
tão difícil
dela retirar
as máscaras
e encontrar
a verdadeira
face...
a palavra
ser farta
tão fácil
a palavra
ser farpa
tão difícil
dela retirar
as máscaras
e encontrar
a verdadeira
face...
sábado, 25 de abril de 2015
das maçãs...
era tarde
para subir
tantas
escadas
mais
um degrau
e chegaria
ao nada
quedou-se
do céu
ao inferno
das palavras
em tempo...
quinta-feira, 23 de abril de 2015
pacto
toda
palavra
carrega
um pecado
e mesmo
sem ser
santa, pura
e virgem
faz
da poesia
sua maria e
seu escapulário...
palavra
carrega
um pecado
e mesmo
sem ser
santa, pura
e virgem
faz
da poesia
sua maria e
seu escapulário...
terça-feira, 21 de abril de 2015
eco
envergonha-me
a letra, essa, a viver
de boca em boca
essa que num fio cru
e cego oferece-se, faz sexo
em troca de espelho
e de tão puro ego
de página em página
esmola olhos
exibi-se e é voyer
desnuda-se sem saber-se
se é luxo ou lixo
e cansa-me,
como cansa-me, tanto faz,
se outra ou minha...
a letra, essa, a viver
de boca em boca
essa que num fio cru
e cego oferece-se, faz sexo
em troca de espelho
e de tão puro ego
de página em página
esmola olhos
exibi-se e é voyer
desnuda-se sem saber-se
se é luxo ou lixo
e cansa-me,
como cansa-me, tanto faz,
se outra ou minha...
domingo, 19 de abril de 2015
lapsos..
e se tenho asas
ao invés de patas
não faço questão
do pouso no asfalto
quero mais e mais
a companhia das palavras
"sol, nuvens, lua, estrelas
e pássaros..."
mas se me faltarem
os astros, os céus, as galáxias
lançarei meu corpo e alma
abismo abaixo...
não quero nada
que não seja
absurdamente
abstrato...
quarta-feira, 15 de abril de 2015
pétalas...
eu aqui
aparando
arestas
quanto mais corto
mais entrelinhas
aparecem
seres hábeis, as palavras,
essas que entre pontos e frestas
dizem mais do que quero...
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