sexta-feira, 18 de abril de 2014

são gritos


entre as letras
e o pão que fermenta
minha mente fervilha
cá estou eu, louca
farejando meus pares
caçando minha matilha

o pão deitado na mesa
jaz como o corpo de Cristo
à espera de ser ao forno levado
depois do seu longo martírio,
ele, nos homens,
não acredita

as letras, já eu, disse,
são como mulheres vadias
oferencem-se por um rabisco,
quem dá mais? por um sorriso?
entregam-se com volúpia aos dedos
abençoados ou proscritos...

santa escrita,
santo pão
santos, são...
mal ditos, malditos
sanscritos em mãos
ambos em coitos
saciam homens
nem sempre com fome...

o vômito inevitável
vem rasgando a garganta
a massa do pão disforme
os versos de letras tortas
estrebucham-se no chão
aflitos, em um aborto
aos gritos, em vida
celebram, a morte...

Nenhum comentário:

Postar um comentário