quarta-feira, 5 de junho de 2013

Poesia...

e se não for vadia, indecente
promíscua não há de ser poesia
as palavras que perfilam-se frias

a poesia?

há de escorrer quente pelos dedos
em folhas brutas, brancas ou sujas
inebriar josés, judas,  genis e marias

e em noites e em dias, gritar
a olho nu seu corpo ardente
por mãos sedentas de entrelinhas

insaciável prostituta
no exercício de sua essência
em leitos amigos e inimigos, deita-se

por gosto, com gosto
não esgota-se, não medra-se
adapta-se ao gênero, ao sexo

ah, poesia...

tão mãe, amante, filha
ainda que tenha dono
bebe de outros vinhos

bem-me-quer, mal-me quer
baila e fala, às vezes é retrato...
e... com almas,  acasala-se

chora, ri, amaldiçoa, dói
doa-se, abençoa... enfurece-se
ama, ama e ama...

sempre pura, poesia...

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