se vertessem sonhos as paredes
pereceriam de sede e secas, as minhas...
onde bato e rebato tão somente escárnios
dessas tantas pústulas em vida
a arrastarem-se em busca de janelas
sangro eu, dos seus gritos, outros ritos
e se sangro, e se bebo, e se verto
derramo o preço, afogo das letras
esses ousados olhos de desejos
presa em passos que não se acabam
nem portas, frestas ou réstias restam-me
pobres paredes, pobres letras, esperam...
e morrem e morro...
quarta-feira, 27 de março de 2013
quinta-feira, 21 de março de 2013
boicote...
há noites em que sou colo,
de minhas poesias que sangram,
palavras protejo
não escrevo...
de minhas poesias que sangram,
palavras protejo
não escrevo...
segunda-feira, 18 de março de 2013
sábado, 16 de março de 2013
saudades...
há na lágrima
desses olhos meus
um resto teu...
pedacinhos insones
a levantarem mãos
em abertas criptas
e se vive esse pretérito,
não fenece em minhas iris
a saudade, sempre, tua
e se escorre-me em água, o futuro,
crava-me num concreto e infinito luto
um vazio presente sem rumo...
desses olhos meus
um resto teu...
pedacinhos insones
a levantarem mãos
em abertas criptas
e se vive esse pretérito,
não fenece em minhas iris
a saudade, sempre, tua
e se escorre-me em água, o futuro,
crava-me num concreto e infinito luto
um vazio presente sem rumo...
quinta-feira, 14 de março de 2013
poeto...
antes da letra
a pele
antes da palavra
a metáfora
antes do verbo
a verve
antes do verso
o poeta
antes da entrelinha
a poesia...
a pele
antes da palavra
a metáfora
antes do verbo
a verve
antes do verso
o poeta
antes da entrelinha
a poesia...
domingo, 10 de março de 2013
minto
e então, eis-me
rasgada em mentiras
cá estou a escrever, poesias
em esquecimento
não caiu tua doce saliva
limbo da palavra minha...
se sei, como sei
ludibriar-me com armadilhas
dessa lábia tua...
engano-me
permito-me caminhos
em invisíveis trilhas...
fio-me
em frestas, em preces
em versos, em restos...
em minhas mãos
teço e teço, cega e sem tato
linhas e linhas vazias...
rasgada em mentiras
cá estou a escrever, poesias
em esquecimento
não caiu tua doce saliva
limbo da palavra minha...
se sei, como sei
ludibriar-me com armadilhas
dessa lábia tua...
engano-me
permito-me caminhos
em invisíveis trilhas...
fio-me
em frestas, em preces
em versos, em restos...
em minhas mãos
teço e teço, cega e sem tato
linhas e linhas vazias...
sexta-feira, 8 de março de 2013
contrações...
se me fizesse apenas útero
num manancial de contrações
expeliria palavras diuturnamente
quem sabe já o seja
e num cículo vicioso, de meus olhos
palavras grávidas, geste e sangre
geste e sangre
num manancial de contrações
expeliria palavras diuturnamente
quem sabe já o seja
e num cículo vicioso, de meus olhos
palavras grávidas, geste e sangre
geste e sangre
quinta-feira, 7 de março de 2013
círculos..
se eu desistir
e descer na próxima esquina
cascas intimas e minhas,
finja que não me conhece
passe por elas sua ironia,
corte aos poucos - meu corpo -
sorria...
e como se nada te dissesse
minhas voltas e idas,
sem mim, vista-se, prossiga
fico eu ao meio, nua
sem começo e fim
sem pele ou carne
caminho
e descer na próxima esquina
cascas intimas e minhas,
finja que não me conhece
passe por elas sua ironia,
corte aos poucos - meu corpo -
sorria...
e como se nada te dissesse
minhas voltas e idas,
sem mim, vista-se, prossiga
fico eu ao meio, nua
sem começo e fim
sem pele ou carne
caminho
segunda-feira, 4 de março de 2013
20
1.
quase estatueta
estuda o gato sua presa
arrepia-se a borboleta
2.
em guarda o felino
finge ser do sono sua sina
de orelhas em riste
3.
languidamente
pêlos e patas pela casa
destilam monarquia
sábado, 2 de março de 2013
veneno...
enquanto esconde-se a tarde
entre as sombras deslocam-se
os olhos meus aos teus varais...
já não há entre os teus fios
palavras verdes em tons de mais
ou quase versos buscando cais
e aqueles nossos sóis
deitaram-se de costas, sem nós
adormeceram sem laços, sós...
nessa tua fuga em névoas
acinzentam-se minhas horas
suicidam-se minhas esperas
enquanto esconde-se a noite
ao som das tuas facas, enveneno-me
no teu silêncio que fala e fala...
entre as sombras deslocam-se
os olhos meus aos teus varais...
já não há entre os teus fios
palavras verdes em tons de mais
ou quase versos buscando cais
e aqueles nossos sóis
deitaram-se de costas, sem nós
adormeceram sem laços, sós...
nessa tua fuga em névoas
acinzentam-se minhas horas
suicidam-se minhas esperas
enquanto esconde-se a noite
ao som das tuas facas, enveneno-me
no teu silêncio que fala e fala...
sexta-feira, 1 de março de 2013
tempo...
o tempo tem me cobrado
em cacos, as horas que dele uso
o tempo tem me ofertado
navalhas, uma paga às minhas faces
o tempo tem me dito coisas
cortado aos poucos, o fio do meu umbigo
o tempo tem brincado comigo
como se dele fossem, minhas raízes
o tempo, ao tempo, sem tempo
líquido escorre, de mim, foge...
em cacos, as horas que dele uso
o tempo tem me ofertado
navalhas, uma paga às minhas faces
o tempo tem me dito coisas
cortado aos poucos, o fio do meu umbigo
o tempo tem brincado comigo
como se dele fossem, minhas raízes
o tempo, ao tempo, sem tempo
líquido escorre, de mim, foge...
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