quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Dos pesos...



Mês que vem faço aniversario. Mais um. Só mais uma pessoa a acumular anos, a encher gavetas e a cansar a carne no dia à dia em que nos enfiamos desde que somos concebidos. Já tive dúvidas quanto ao momento em que passamos a existir. Hoje, sei que nossas vidas são vidas desde o primeiro minuto que deixamos de ser óvulo e espermatozóide para sermos um ser único. Desse ponto passamos por fases e mais fases, ciclos e mais ciclos até que deixemos a carne novamente. Esse depois, é misterio. Vejo, pressinto, mas certeza... Quem a tem?

Não gosto de datas comemorativas, Natais, Páscoas, Anos Novos... São fardos a carregar, fardos abertos nas datas aclamadas e embrulhados de novo. Trancafiados e longe dos olhos até o próximo ano. Pesam e pesam em armários já abarrotados de gritos, sorrisos, cobranças, desafios e tropeços...

Mas farei aniversario, mais uma vez... Se pudesse ausentaria-me de mim mesma nessas vinte e quatro horas marcadas em uma única data em meus anos para acordar e nascer mais velha no dia seguinte. Mas não será possível. Resta-me desde já começar a me programar e esvaziar esse fardo para que no ano seguinte pesem menos meus erros e meus lixos escondidos em minhas frestas.

Amamentei-me da vida, e eis, que por mais que debata-me sou o fruto de minha concepção, da concepção de outros e da concepção que agarra-se às minhas costas enfiando-me goela abaixo o que chamam de destino. Mas há coisas que posso fazer. Posso cuidar da concepção que meus olhos têm e algumas vezes não revelam-me do que faço, do que deveria ter feito, do que fingi que tentei fazer e do que realmente fiz. São minhas escolhas. Não há mais tempo para fugir do miolo de certas escolhas. Escolhas que de tão erradas estão a esfarelar-se na tentativa minha de salvar o que não tem salvação aumentando assim o peso de meus fardos.

Tão apaixonada sou por algumas dessas escolhas  erradas e obesas que desde já sinto fome e sinto o peso da abstinência, mas sei que são necessarias. Não cabem mais em meus porões o vômito  caído de minhas frestas sobre minha alma... A carne debate-se, mas essa minha alma precisa de um banho e de um regime. Quem sabe, sinta-se mais uma vez parida novamente... De olhos recém nascidos e limpos, sem máscaras.

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